Poucas coisas fazem com que eu acorde num domingo de manhã cedo por livre e espontânea vontade da mesma forma que o Karate. Aliás, os dias que eu não estou na Associação Karate-Do Tanaka são uma exceção, pois costumo estar lá a semana inteira, de segunda a domingo. Faço isso pela responsabilidade que assumi, de ajudar a administrar o dojo e transmitir o conhecimento para novos alunos, e também por mim mesmo, pelo meu compromisso, seriedade e amor pelo Karate.

E não estou falando isso para contar vantagem, apenas para expressar o quanto eu levo a sério minha prática. Só não me dedico mais por falta de tempo, porque não trabalho com isso. Mas vejo o Karate como uma parte essencial da minha vida, que eu pratico de bom grado. Quando não estou praticando Karate muito provavelmente estou pensando em Karate, lendo sobre ou fazendo algo relacionado.

Sei que ainda há muito que tenho que aprender e desenvolver nesse caminho, mas por isso também não paro de treinar, de estudar e evoluir por meio da busca por uma compreensão melhor da arte. Participo de seminários, dou aulas e procuro ouvir feedbacks e me corrigir, sempre. Mesmo assim, acredito que nunca vai chegaro dia que vou me considerar mestre, pois prefiro ser estudante, apenas um karateka.

As pessoas em muitas situações não veem o esforço, suor e seriedade que você coloca no que faz, por vezes até fazendo julgamentos equivocados com base nessa falta de conhecimento (ou de caráter). Isso não é atitude de karateka. É muito melhor somar, procurar entender e seguir seu caminho, pois cada um tem sua história e o mais importante é trilha-la com honestidade e humildade. Sigo meu caminho com tranquilidade, pois faço com essas premissas em mente.

Meu mestre, Tsunioshi Tanaka, falava sobre ter sinceridade no coração (kokoro – 心). Eu tenho ciência que treino com essa sinceridade no coração e que me empenho para colocar essa sinceridade em tudo que eu faço. Assim, posso seguir com a mente tranquila e me focar no que há adiante, que é continuar fazendo o meu melhor no Karate e na vida como um todo. Mantendo minha xícara vazia para novos conhecimentos, mas com paladar exigente. Cada dia que eu piso no dojo, sendo um dia bom ou ruim, é para treinar com essa sinceridade no coração e para cultivar minha mente e meu corpo, para ter um espírito inabalável.