O aspecto moral do Karate

“O Karate visa construir o caráter, melhorar o comportamento humano e cultivar a modéstia; no entanto, não garante isso.”

– Yasuhiro Konishi

Quando eu vejo a postura e discurso virulentos que alguns praticantes de Karate têm sobre diversos assuntos, dentro e fora da internet, vejo como essa frase de Konishi Sensei é extremamente importante. Todos os dojo sérios têm em seus preceitos, de uma forma ou de outra, ideias de respeito e humildade, mas se não forem objeto de reflexão e exercício constante, são só palavras. Isso vale tanto para iniciantes quanto para praticante com Dan elevado e anos de prática.
 
No caso do instrutor, a responsabilidade por observar a própria postura é ainda maior, pois ele serve de exemplo para os alunos e para a sociedade. Do contrário, se ensina a técnica, mas a filosofia é uma grande incoerência. Isso é particularmente problemático quando a arte ensinada possui potencial de machucar outras pessoas. Mais uma vez, entra a questão da responsabilidade.
 
Não basta treinar Karate. É preciso cultivar o caráter, procurar ser respeitoso, tolerante, honesto moral e intelectualmente, ter humildade para aprender. Isso é uma construção diária, que tem a ver com uma autocrítica pessoal. O Karate tem valores e tradições que ajudam neste sentido, mas depende de cada um incorporar isso em sua vida. Praticantes que agem constantemente de forma leviana e sem empatia com os demais entenderam o Karate por completo?
 
Obviamente somos humanos e falhos, mas como humanos temos capacidade de aprender e crescer, justamente como o caminho do Karate nos mostra. É por esse motivo, entre outros, que o Karate é uma prática vitalícia e um karateka completo precisa incorporar a arte em todos os aspectos da vida. Só assim uma arte verdadeiramente preciosa será transmitida às próximas gerações.
 
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