O dia 25 de outubro é uma data especial para karatekas de todo o mundo. Afinal, é o Karate No Hi, Dia Mundial do Karate, estabelecido em 2005 pela prefeitura de Okinawa. A data foi escolhida porque foi quando, em 1936, uma importante reunião de mestres ocorreu para definir os rumos da arte, inclusive discutir a mudança do antigo nome “Toude” para “Karate-Do” (aliás, pretendo falar mais sobre esse encontro futuramente).
Evidentemente, é um marco de celebração muito importante. Em Okinawa, é lindo e impressionante de ver os praticantes tomando a rua Kokusai, em Naha, para realizar kata em conjunto. No Brasil, há o Enbukai, que reúne grandes escolas. E ao redor do mundo, vem se tornando tradição o Desafio dos 100 Kata (100 Kata Challenge). Esse desafio foi proposto em 2014 por James Pankiewicz, dono do famoso Dojo Bar e do Asato Dojo, em Okinawa. Rapidamente foi adotado por várias escolas e karatekas, já que pode ser feito em qualquer lugar, bastando apenas tempo e disposição.
O desafio é uma forma de celebrar a data com algo que é a maior herança deixada para nós pelos grandes mestres (os kata) e ao mesmo tempo nos colocar literalmente na prática de uma parte da filosofia do Karate que, acredito, está presente em todos os dojos, apesar de dito de formas diferentes: criar o intuito do esforço.
Eu já conhecia o Desafio dos 100 Kata de outros anos, mas neste (2019) foi a primeira vez que resolvi participar, motivado pela participação de companheiros do Muidokan Karate Kenkyukai e também simplesmente pelo “por que não?”. O Karate proporciona tanto para mim e é uma parte tão importante da minha vida que parece adequado marcar o Karate No Hi de alguma forma. A celebração do Karate ocorre na verdade praticando todos os dias, é claro, mas o desafio parece uma forma saudável e divertida (do jeito peculiar que só um karateka sabe) de fazer parte de algo maior.
Minha impressão foi… que no fim foi mais fácil do que eu esperava. Não que não tenha sido cansativo, mas como meu treino de Karate é regular e nosso dojo geralmente tem um treino que já é puxado, uma hora e meia apenas realizando kata foi um desafio superável.
Logicamente, não dá para ir com força total do início ao fim, mas administrando o ritmo e intensidade é perfeitamente possível. Eu havia visto relatos anteriores de karatekas razoavelmente famosos que davam a impressão de ser um trabalho hercúleo, mas penso que foi mais o romantismo da narrativa. Acredito que é uma prática possível para qualquer um que treine com frequência e que esteja em boas condições físicas.
O início do Desafio foi após o nosso treino normal no dojo. Ou seja, eu já tinha treinado Karate por uma hora e feito cerca de 20 kata nesse período. Aproveitei a ocasião para executar alguns kata que ainda estou aprendendo e procurando desenvolver, prestando atenção em certas mecânicas e percebendo outras no processo. Ou seja, bem dentro do que é um treino de Karate, da teoria colocada em prática e da prática consolidando a teoria.
Ter esse momento diferente, focado inteiramente nos kata, certamente foi uma experiência válida, que pretendo repetir nos próximos anos. A sensação de progredir do 1 ao 100 também é gratificante, pois é uma superação não só física, mas também mental, que exige atenção plena e paciência. Qualquer variedade de treino que nos tire da zona de conforto não tem como não ser positiva!
Na oportunidade, pratiquei os seguintes kata (muitos repetidamente):
- Sanchin
- Seienchin
- Tsuki No Kata
- Bassai Dai
- Gekisai Sho
- Taikyoku Sono Ichi
- Taikyoku Sono San
- Pinan Sono Ni
- Pinan Sono Ichi
- Yantsu
- Pinan Nidan
- Naihanchi Shodan
- Tensho
- Saifa
- Sanseru
- Pinan Sono San
- Pinan Sono Yon
- Seipai
A quantidade de repetições e lista de kata feita no Desafio é livre para o praticante, o que deixa a critério de cada um se programar de acordo com seu currículo e estudo particular.
Como foi um momento especial, aproveitei para registrar a prática e editar o vídeo em formato acelerado. Fica abaixo para quem quiser conferir.
Até o próximo Karate No Hi!
Leia também: