Para nós, praticantes de Karate, é sempre bacana ver e acompanhar obras inspiradas na nossa arte. Além de ser entretenimento com a qual nos identificamos, por vezes conseguimos tirar mensagens, reflexões ou mesmo informações que agregam para o nosso entendimento e percepção. O material sobre artes marciais para explorar é vasto, especialmente sobre Kung Fu, mas Karate especificamente acaba ganhando menos destaque, o que torna recomendações sobre o assunto ainda mais valiosas! Neste post, a recomendação é o mangá Karate Shoukoushi Kohinata Minoru (Pequeno Príncipe do Karate Kohinata Minoru).
Publicado entre 2000 e 2012 pelo autor Yasushi Baba na revista Young Magazine, o mangá segue a história do jovem Kohinata Minoru, que fazia parte do clube de ginástica na faculdade, na região de Tokyo, até conhecer o Karate após ser salvo de valentões do seu próprio clube pelo karateka durão Mutou Ryuuji. A partir daí, ele entra para o clube de Karate meio “sem querer querendo” e acaba se envolvendo cada vez mais com a arte, até o ponto de se tornar uma estrela em ascensão nas competições.
O estilo praticado por Kohinata no mangá, o Kaburagi-ryu, é inspirado mais fortemente no Kyokushin (a Wiki do mangá diz Goju-Ryu, mas não me parece o caso. Kata de outros estilos também são mencionados), então a cultura do Karate retratada é muito alinhada com a dessa escola, com uma pegada mais voltada para o full contact e muito “osu!”. Até técnicas consagradas do Kyokushin, como o Do Mawashi Kaiten Geri, são retratadas com relevância na trama.
As lutas evidentemente têm grande destaque, algumas inclusive se estendendo múltiplas edições. O cenário de competições da história, a partir de certo ponto, é muito inspirado nos campeonatos de kickboxing como o K-1, que teve seu auge nos anos 90, sendo que até as tramas políticas das organizações têm inspirações nesse contexto. Inclusive, vários competidores nessa fase do mangá são inspirados em lutadores reais desse tipo de evento.
Entre os pontos bacanas do mangá, está a própria jornada de crescimento de amadurecimento de Kohinata e seus amigos, bem como a forma como o Karate influencia na forma de cada um encarar a própria vida, ganhar confiança e se impor diante dos problemas. Apesar de lidar principalmente com o Karate full contact e kickboxing japonês, há um arco especialmente bacana dos membros do clube viajando para Okinawa.
A obra não é perfeita, claro. Por vezes, recorre aos piores clichês dos mangás (confesso que isso me incomodou um pouco), como sexualização exagerada das mulheres e algumas piadas recorrentes de mau gosto e anacrônicas, especialmente relacionadas a certo personagem brasileiro na primeira fase da história. Mas relevando isso, a parte que trata do Karate é bastante divertida de ler.
Para quem gosta de animes e mangás sobre esportes, como Hajime no Ippo (sobre boxe) ou Slam Dunk (basquete), Karate Shoukoushi Kohinata Minoru tem uma pegada parecida e é uma boa pedida. As referências, termos comuns que costumamos ouvir no dojo e a cultura geral apresentada certamente são ainda mais legais de ver para quem tem familiaridade com Karate. Pela internet é fácil encontrar traduções para inglês e português.
O mangá tem uma continuação, Karate Shoukoushi Monogatari, que eu ainda não li. Pretendo escrever a respeito futuramente.