O Karate treinado atualmente na maioria dos dojos é muito diferente da concepção original da arte. Nos primórdios da prática do Karate em Okinawa, antes de ser divulgado e treinado no mundo todo, o foco era ser um método de defesa pessoal efetivo e direto. Hoje em dia, entretanto, é treinado como esporte ou como uma atividade mais voltada para o desenvolvimento pessoal, ressaltando a filosofia. Assim, muitas abordagens antigas e letais foram deixadas de lado.
Essa mudança foi motivada por vários fatores, que vão desde modificações feitas para adequar a arte de Okinawa às preferências e costumes do público japonês; passando por priorização do treino esportivo, mais atrativo para os jovens; até modificações arbitrárias, feitas por gerações de mestres que tiveram pouco contato com o Karate original e ressignificaram a arte de acordo com a realidade que conheciam e com objetivos menos práticos e mais estéticos.
O Karate moderno tem seu valor e vários pontos positivos, mas é preciso conhecer e ter clareza sobre seus propósitos e abordagens para não treinar com uma ideia equivocada. Felizmente, para quem se dispõe a estudar a fundo as raízes da arte, é possível ter essa clareza e resgatar o que era o propósito original do Karate. Ou seja, o estilo antigo.
Esse resgate se dá por meio de um estudo minucioso dos ensinamentos deixados pelos patriarcas da arte e também pela análise criteriosa e pragmática do principal legado deixado para nós por esses mestres: os kata. Está tudo lá, se você souber como observar. E a partir do momento que desvendamos os conceitos antigos e a aplicações contidas nos kata clássicos, um mundo se abre e o Karate se torna uma arte marcial ainda mais rica e fascinante do que imaginávamos. Uma arte completa e sem igual.
Estudar e explorar o estilo antigo tem muito a acrescentar ao seu treino e entendimento geral do Karate. Também vai fazer com que você entenda como o Karate pode ser uma defesa pessoal eficiente, da forma como foi concebido. Basta ter a mente aberta e crítica.